Iron Fist (Punho de Ferro) - Crítica
Fracasso de crítica e público no
seu lançamento em 2003, o filme do Demolidor
parecia enterrar de vez as chances de vermos o ‘Demônio Ousado’ alguma outra
vez em livre action.
Porém décadas depois a badalada Netflix se encarregou de fazer jus ao
homem sem medo e nos entregou uma série digna do personagem. A série se focava
mais no aspecto urbano do herói (vigilante), deixando de lado toda a pirotecnia
vista nos heróis do mesmo universo em sua versão cinematográfica. Com isso, a Netflix descobriu a galinha dos ovos de
ouro adaptando séries de personagens urbanos pra TV, tendo feito em seguida Jessica Jones e o controverso Luke Cage.
Sendo a quarta série que adapta
diretamente um personagem das HQs da Marvel
para as telinhas, Iron Fist (Punho de
Ferro) tem deixando Luke Cage
muito pra trás no quesito controvérsia, vamos agora analisar o porquê.
A série já começa nos
apresentando nosso protagonista, Danny
Rand (Finn Jones) que depois de treinar por 15 anos em K'un-Lun (Cidade mística dos monges) acaba adquirindo a habilidade
de controle do Iron Fist (Punho de
Ferro), nome que virá a se tornar sua identidade secreta no futuro.
A produção da Netflix teve muitos acertos assim como
bastantes erros, também, porém nada tão alarmante como a grande mídia tentou
vender.
Parte dos problemas consistem em
um protagonista descaracterizado e no bagunçado elenco de apoio, embora por um
lado tenhamos Jessica Henwick excelente
no papel de Collen Wing, assim como Rosario Dawson se saindo muito bem como
Claire Temple, por outro lado temos
personagens extremamente chatos e mal desenvolvidos como Ward (Tom Pelphrey) e Joy
Meachum (Jessica Stroup).
Finn não está em seu pior, mas também deixa muito a desejar. Sua
atuação engessada somada a bilateralidade com qual seu personagem foi escrito
nos entrega um Danny Rand
completamente sem carisma e com sérios problemas de desenvolvimento. A evolução
do seu arco simplesmente trava no terceiro episódio da série e tudo termina sem
que haja conclusão alguma, ora, estamos esperando um Punho de Ferro porradeiro e mestre do Kung Fu mas o que temos é um Danny
Rand que transpira para derrubar seguranças de prédios e vive choramingando
pelo aconchego e aceitação de sua “família”, algo que a série não consegue
vender em momento algum.
Não basta o próprio protagonista ser
muito mal desenvolvido e ter um arco travado, parte dos episódios são focados
no núcleo corporativo da série, o que as vezes nos traz a sensação de estamos
assistindo a uma novela mexicana no SBT com tramas e subtramas exageradamente alongadas.
Ao mesmo tempo que Rand não evolui, Ward e Joy seguem os
mesmo passos, apenas um pouco mais voláteis, porém em plenos 10 episódios de
série o espectador ainda é capaz de se perguntar qual a função dos dois em meio
a tudo isso.
Mas nem tudo é negativo, Harold Meachum (David Wenham) assim
como Madame Gao (Wai Ching Ho) se
saem muito bem e conseguem passar todo o respeito e medo que seus personagens
carregam. Ambos são contidos e evitam que seus personagens caiam no caricato,
algo que seria muito fácil de acontecer visto que estamos falando de um psicótico
e uma velhinha cheia de surpresas.
Se por um lado o desenvolvimento
de Dany foi péssimo, o mesmo não
pode ser dito de Colleen que teve
seu ápice conseguindo chegar até sua redenção gerando uma curva de interesse em
seu personagem muito maior que no próprio protagonista.
Em meio a tudo isso temos um
roteiro cheio de falhas e com uma quebra de expectativa maior que rombo na previdência.
A trama vez após vez tem desfechos completamente surreais e a necessidade de
inserir personagens para dar mobilidade ao roteiro acaba criando aberrações
como a personagem da Claire Temple simplesmente
aparecendo do nada pra treinar Kung Fu
com Colleen.
Porém as mazelas de um mal
roteiro não param por ai, a série simplesmente não possui clímax algum nos
passando a sensação de que a medida que a estória avança os eventos vão ficando
vez mais chatos e monótonos, como consequências a introdução de personagens
como Davos (Sacha Dhawan) e Bakuto (Ramón Rodríguez) se tornam
completamente desinteressantes.
Embora possua uma boa estética e
não seja tão escura quanto Demolidor,
Jessica Jones e Luke Cage, a
série ainda causa certos incômodos como coreografias engessadas e por várias
vezes brigas no escuro em que entendemos muito menos do que gostaríamos.
Por fim, Punho de Ferro não é uma das melhores séries de Heróis da Netflix, no entanto não é ruim o
suficiente para a acusarmos de ser inferior ao Luke Cage e quem sabe (olha a polêmica) até mesmo Jessica Jones.
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