Spectral - Crítica
Com o minúsculo orçamento de U$ 30
milhões, Distrito 9 liderou
bilheterias em seu lançamento em 2009. Foi assim que o sul-africano Neill Blomkamp reforçou a ideia de que
não há a necessidade de um orçamento grandioso para se criar um bom scifi, criatividade
e zelo (além de determinação) podem bastar, é nesse quesito que Spectral comete um de seus maiores
pecados.
Com o roteiro de Ian Fried e a direção de Nic Mathieu, a produção da Netflix conta com as atuações medianas
de James Badge Dale, Emily Mortimer e Max Martini. Durante o processo de contenção de uma guerra civil na
Moldova (Moldóvia), os soldados americanos se deparam (com a ajuda de um visor
especial criado pelo cientista Dr.Clyne)
com um tipo de “criatura” com características singulares, de início julgam ser
soldados usando algum tipo de tecnologia de encobrimento, mas depois se deparam
com algo mais e que não conseguem explicar, sendo necessário buscarem a ajuda
de Clyne (James Badge Dale- Guerra Mundial Z, Homem de Ferro 3, Os Infiltrados)
para resolverem a situação.
Com um orçamento claramente
limitado, Spectral é um filme
visualmente bonito, o que de fato não quer dizer tudo (Não é mesmo, Sr. Snyder ?). Está tudo lá, escombros
e ruinas no melhor estilo cenário pós apocalíptico, criaturas fantasmagóricas
relativamente bem renderizadas e tropas militares com armamentos futuristas
(mas nem tanto). Em dados momentos parece que estamos assistindo a um gameplay
de Gears of War, em outros, a trama e
a narrativa nos apresenta um tema bem mais F.E.A.R,
ao passo que toda a trama é bem linear e sem muitas complicações ou viradas de
roteiro.
Para quem já é fã de Scifi,
certamente o filme não causará tanto impacto pois a linearidade e o simplismo
do roteiro permite uma transparência de eventos de uma maneira que chega a ser
até desanimadora, ora, embora se trate de um Scifi, o que mais chama a atenção
são os elementos de suspense vendidos no inicial da trama, onde tanto os
personagens quanto o espectador ficam em um ponto cego em relação aos eventos que
estão acontecendo ali. Isso poderia ter sido bem melhor desenvolvido, criando
um suspense mais denso que poderia ter sido muito melhor explorado a medida que
fosse se desenvolvendo na telona, ao invés disso o que temos é um show de
clichês como o cientista de desenho animado que “manja” de todas as áreas, Óptica
ondulatória, engenharia mecânica até desenvolvimento de softwares.
O roteiro preguiçoso e simplório de
Mathieu não se importa em ser denso
e nos entregar pistas aos poucos para que sejam digeridas ao longo da trama,
muito pelo contrário, o didatismo é tamanho que ele nos explica (na melhor
estilo Nolan) exatamente o que está havendo ali como se fossemos filhotes de
chimpanzé.
Os personagens não ficam atrás em
quesito desenvolvimento, Clyne,
apesar de fisicamente lembrar bastante o Dr.Reed
Richards (das HQs do Quarteto Fantastico) não convence como
o ultra cientista que o filme tenta vender, o mesmo vale para todos os outros
personagens que tem estranhas mudanças de comportamentos ao longo da ‘estória’.
Não há nada intimista aqui, nenhum conflito emocional que leve o protagonista a
se sentir motivado, nenhum problema o esperando em casa ou um conflito
existencial que marque e formule suas atitudes como tais, nada, ele é tão vazio
quanto qualquer outro, o que faz com que de todos os personagens você só se
importe com as duas crianças que estão ali.
Longe de ser um “Caça-Fantasmas sombrio” como é
considerado por alguns, Spectral é
um filme que talvez não divirta, mas pode distrair você naquela tarde de
domingo em casa sem nada pra fazer, mas não espere muito mais que isso.
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