5 Filmes 'Mindfuck' Que você deve assistir - Parte 2

Em 2014 nós fizemos uma lista com os Top 5 Filmes Mindufck que você deve assistir. Lá prometi que logo sairia a segunda parte, que pelo que estamos vendo demorou mais que o esperado. No entanto êis que finalmente saímos do buraco da procrastinação e estamos de volta trazendo para vocês mais uma lista supimpa (não achei uma palavra melhor) para você se deleitar com aquela velha pipoca na manteiga e um copo de gelado de refrigerante numa bela tarde de domingo, vamos lá;

2001 – Uma Odisseia no Espaço (2001: A Space Odyssey)
Lançado em 1968, UONE até hoje é citado e usado por conspiracionistas para “justificar” que o homem nunca foi de fato até a lua e que tudo não passou de uma obra cinematográfica dirigida por Stanley Kubrick. Claro que o filme ter sido lançado 1 anos antes (O filme é de 1968, Neil Armstrong pisou na lua em 1969) é um prato cheio para essa galera.
Mais do que figurinha carimbada na cultura pop, o obra de Kubrick atravessou gerações e se tornou um amalgama cultural; É Cult, é pop, amado e odiado. Não para menos, trata-se de uma obra de extrema complexidade a qual as nuances filosóficas existencialistas eu sequer me atrevo a debater.
Veja a sinopse;
Desde a "Aurora do Homem" (a pré-história), um misterioso monolito negro parece emitir sinais de outra civilização interferindo no nosso planeta. Quatro milhões de anos depois, no século XXI, uma equipe de astronautas liderados pelo experiente David Bowman (Keir Dullea) e Frank Poole (Gary Lockwood) é enviada à Júpiter para investigar o enigmático monolito na nave Discovery, totalmente controlada pelo computador HAL 9000. Entretanto, no meio da viagem HAL entra em pane e tenta assumir o controle da nave, eliminando um a um os tripulantes.
Se há uma palavra que não pode ser usada em 2001- Uma Odisseia no Espaço, essa palavra é; Fácil. Baseado na obra de Arthur C.Clark, o filme de Kubrick embora lisérgico em seus momentos finais, se mantém bem “pé no chão” (Com o perdão do trocadilho) durante todo o seu percurso. Aqui não temos uma explosão de eventos astronômicos (Foi sem querer, é sério), batalhas épicas ou robôs malvados perseguindo nosso protagonista até os confins do universo. Muito pelo contrário, Kubrick nos oferece uma película densa em conteúdo, com um ritmo calmo, quase que sonífero, e um esmero doentio pelos detalhes técnicos, que, aliás, são a marca registrada do filme.
A trama não explora apenas os eventos colossais colocando o protagonista como observador em primeiro plano, aqui nós somos David e iremos interferir na história causando eventos que irão desencadear em uma série de discussões sobre existencialismo, evolução e renascimento, ainda que da perspectiva intrínseca a pequeneza humana.
Se você curte complexidade e não tem medo de dar um nó no seu cérebro, esse é o filme recomendado. Ainda que você não seja essa pessoa, confira-o assim mesmo, vale muito a pena.

Triângulo do Medo (Triangle)
Há milênios uma pergunta vem permutando na cabeça de nós, meros mortais, afinal de contas; Qual a origem do universo e qual será seu fim? Há inúmeras explicações para essas questões, porém nenhuma delas é segura o suficiente para sanar a nossa necessidade de respostas rápidas, imediatas e coerentes.
Enquanto condição de reles seres humanos, temos uma percepção pobre da realidade no qual estamos inseridos, nos limitando assim a perceber o tempo como algo retilíneo e uniforme e os eventos que por ele transitam sempre precisam de uma origem e de um fim. Porém é em Triangulo do Medo (Triangle) que Christopher Smith (Plataforma do Medo-2009, Morte Negra -2010, Que fim levou Papai Noel-2014) vem brincar com esse nosso conceito convencional e nos apresentar um rizoma sórdido, peculiar e na mais sútil das colocações; complicado.
Confira a sinopse;
Quando Jess embarca em um veleiro com um grupo de amigos para o alto mar, ela tem o pressentimento de algo está errado. Sua suspeita se realiza quando eles vão parar no meio de uma tempestade e para sobreviverem, todos são forçados a embarcar em um misterioso e aparentemente desocupado transatlântico. Ao caminhar pelos corredores, Jess tem a sensação de que já esteve no local antes e repara que o relógio do navio está parado. Estranhas coisas começam a acontecer e eles percebem que não estão sozinhos: alguém está caçando-os, um por um, e Jess, sem saber, está com a chave para encerrar todo esse terror.
Triangulo do Medo é um daqueles filmes que te pegam (uuuii) de jeito quando você menos espera. Um suspense com cara de terror trash, no inicio você não espera mais do que um slasher convencional onde o clímax do filme se daria com a protagonista tendo que lidar com algum assassino genérico carregando alguma arma branca. No entanto tudo aqui é bem diferente, o terror está lá, mas não pelo medo da morte, jamais, Smith cria uma teia de episódios tão densa e delicada que muda completamente a sua perspectiva sobre quaisquer eventos que estejam ocorrendo ali, fazendo até com que a morte passe de um medo para uma fuga de todo aquele terror psicológico.
Com uma excelente atuação de Melissa George (Cidade das Sombras -1998, Horror em Amityville -2005 e 30 dias de noite-2007) esse acaba se tornando um daqueles filmes que são obrigatórios para quem curte um suspense de rachar a cuca, vale muito uma conferida nesse scifi fi, embora muitos internet afora prefiram adotar as explicações místicas como base para explanar as implicações do enredo.

Sr. Ninguém (Mr.Nobody)
Como todo bom scifi, Mr.Nobody adora brincar com os conceitos já estabelecidos diante de nossa incapacidade humana de lidar com eventos mais complexos. Em um mundo onde a morte não é algo presente, qualquer ser que ainda possua esse “dom” é de fato “endeusado” pelos “meros imortais” e é com essa inversão de perspectiva que iniciamos uma aventura atemporal, confusa e porque não dizer lisérgica, na vida de nosso protagonista?
Taí a sinopse;
Marido de Elise (Sarah Polley)e pai de três filhos, Nemo Nobody (Jared Leto) leva uma vida comum ao lado de sua família. Ele acorda no ano de 2092 e agora, com 118 anos, é o último mortal em um planeta de seres humanos imortais. As suas preocupações, contudo, envolvem outras questões, como o que aconteceu durante a passagem de tempo e se viveu sua vida como gostaria.
Dirigido por Jaco Van Dormael e protagonizado pelo magnifico Jared Leto (Réquiem Para um Sinho - 2000, Clube de Compras Dallas – 2013, Esquadrão Suicida - 2016), Mr. Nobody é de longe um dos filmes menos convencionais que você já viu. Desobedecendo qualquer regra de linearidade, Dormael nos confunde propositalmente aos nos mergulhar em um mundo cheio de eventos simultâneos, ações e reações e efeitos borboletas. De certa maneira, como já citei anteriormente não é exagero dizer que é uma verdadeira viagem lisérgica pela essência do ser, ora, pois, Mr. Nodoby não é ninguém ali, ao mesmo tempo em que 'é' todos nós; Somos um amalgama existencial e estamos vislumbrando através de sua vida variantes eventos que poderiam ou não acontecer, tais como realidades que são e não são simultaneamente produtos de nossa existência.
O filme carrega uma densa quantidade de metalinguagem, ao passo que os conflitos existenciais do protagonista servem como uma muleta para desenvolver uma trama complexa e envolvente onde estamos abertos para inúmeras interpretações filosóficas quanto a essência do ser, probabilidades e mecânica quântica.
 De fato um longa recomendadíssimo.

O Psicopata Americano (American Psycho)
Em um mundo com valores cada vez mais superficiais , Patrick Bateman (Christian Bale; O Operário – 2004, Batman Begins – 2005, O Grande Truque - 2006) é um americano rico, bem sucedido profissionalmente e com uma característica peculiar; Ele é um psicopata.
Dirigido pela canadense Mary Harron (Bet Page – 2006, Relação Mortal - 2011), o filme sofreu enorme pressão para que não fosse finalizado, chegando a ser diversas vezes boicotado durante sua produção. O longa (baseado no livro homônimo escrito por Bret Ellis) traz a tona questionamentos intrínsecos a cultura americana; O capitalismo selvagem de Wall Street, as prostitutas de luxo e o culto ao corpo em uma demonstração extrema de narcisismo.
Dá uma olhada na sinopse;
Patrick Bateman (Christian Bale) jovem, branco, bonito e sem nada que o diferencie de seus colegas de Wall Street. Protegido pela conformidade, privilégio e riqueza, Bateman também um serial killer, que vaga livremente e sem receios em busca de uma nova vítima. Seus impulsos assassinos são abastecidos por um zeloso materialismo e uma inveja torturante quando ele encontra alguém que possui mais do que ele. Após um colega dar-lhe um cartão de visitas melhor que o seu em tinta e papel, a sede de sangue de Bateman surge e ele aumenta ainda mais suas atividades homicidas, tornando-se um perigoso e violento psicopata.
Mas todo esse confuso amalgama de questões sociais ainda não são, por sí só, a peça chave para o desenrolar da trama. Bateman em seu papel de psicopata frio e calculista toma diversas atitudes no mínimo incoerentes para a realidade que o filme tenta vender, o que por diversas vezes leva o espectador a ter diversos questionamentos sobre até onde de fato vai a insanidade do empresário. 
O grande boom fica pro final quando temos o desfecho de uma série de eventos envolvendo Patrick e sua sede doentia por assassinato, quando de fato fica no ar a verdadeira natureza de suas ações. Afinal de contas, o final está aberto para diversas interpretações; mas a melhor delas é a sua própria ao assistir o filme. 


The Signal
Se tem uma coisa que o cinema Scifi de qualidade nos ensinou é que; no final das contas nada nunca é o que parece ser. É partindo dessa premissa que mergulhamos em uma rede intrincada de  eventos estranhos e sinistros enquanto acompanhamos o desenrolar dos conflitos existenciais vividos por Nick Eastman (Brenton Thwaites) e seus amigos Jonah Breck (Beau Knapp) e Haley Peterson(Olivia Cooke).
The Signal é um daqueles filmes que parecem só mais um indie em meio a tantos outros pontos cinzentos, durante todo o primeiro ato ficamos nos perguntando se em algum momento aquilo poderia vir a se tornar um drama amoroso adolescente ou algo do tipo, coisa corriqueira no cinema mainstream. Porém quando estamos prontos pra aceitar que já sabemos de todo o segredo da trama vem William Eubank e dá um tapa em nossa cara mostrando que a história só tá começando.
Analise a sinopse;
Três amigos estão em uma viagem pelo sudoeste americano à procura de um gênio da computação, que conseguiu invadir os computadores do MIT e expôr uma série de falhas de segurança. Eles acabam indo parar em uma área isolada, onde, de repente, tudo fica escuro. Quando Nic (Brenton Thwaites) enfim desperta, logo percebe que está em meio a um pesadelo.
Aqui o mediano Brenton Thwaites mostra a que veio em uma atuação intensa e convincente, mérito também para seus colegas Knapp e Cooke que em nenhum momento deixam a desejar. Com uma participação inusitada de Laurence Fishburne, no principio tudo não parece passar de um drama teen com uma pegada indie, porém ao passo que o filme avança o espectador entra junto com os protagonistas em uma teia de eventos surpreendentes, porém os eventos decorridos durante toda a trama não são nem de longe páreos para o Plot Twist final, quando estávamos achando que já sabíamos de tudo nós literalmente perdemos o chão.

Gente, de coração, se você é fã de suspense e scifi esse filme é obrigatório para você, qualquer coisa que eu diga mais sobre ele pode estragar a sua experiência pessoal de conferir cada detalhe por si mesmo, corre e vai já assistir.