Reza a Lenda : Uma Aposta Ousada ?

Se tem um filme que valeu cada centavo que saiu do meu bolso no ano passado, esse filme se chama Que Horas Ela Volta, drama com Regina Casé e Camila Márdilla e que ganhou vários prêmios mundo afora.
Dirigido pela excelente Anna Muylaert, o longa é um ponto fora da curva pois destoa completamente de todas as outras produções nacionais, não que isso o torne melhor ou pior, nem tão pouco reduz a qualidade de outras produções como Cidade de Deus e Hoje eu Quero Voltar Sozinho, mas a questão é que querendo ou não o cinema nacional caiu em um clichê ordinário onde estamos debatendo questões politica/étnica/sociais/econômicas sempre com a mesma quantidade de lentes, uma só.
Mais uma vez dizendo, não que isso torne essas produções menos valorizadas, a questão é que a maneira como são produzidas limitam bastante o potencial que essas obras teriam para debater temas muito intrínsecos em nosso cotidiano, talvez até de uma maneira mais orgânica.
Bem, você deve estar se perguntando, mas pra que toda essa análise antes de Falar de Reza a Lenda ? Essa é uma questão complicada.
Reza a Lenda trata-se de um longa dirigido por Homero Olivetto e protagonizado pelos globais Cauã ReymondSophie Charlotte e conta a história de Ara (Reymond) que é lider de uma gangue de motoqueiros no sertão brasileiro, o cara acaba recuperando/roubando a imagem de uma santa de um poderoso local, o coronel Tenório, acreditando que assim a chuva possa voltar na sua região. No meio da trama ela acaba conhecendo Laura (Luiza Arraes) que assim como ele está em rota de fuga, o que vai render conflitos com seu par romantico, a destemida Severina (Sophie Charlotte).
Confira o trailer;

A produção vem sendo chamada na internet de Mad Max brasileiro, mas até que ponto isso soa positivo ?
Analisando o trailer e a sinopse, a comparação não é indevida, de fato se parece com algum tipo de homenagem ou referencia ao universo criado por George Miller, o que poderia ser algo glorioso se bem executado. O problema consiste em como isso está sendo feito pois o primeiro erro aparentemente já se apresenta na contração de globais para os papeis principais, não, não é um tipo de preconceito contra globais (oras, Regina Casé e Wagner Moura pra nos fazer morder a língua), o problema está em colocar a imagem na frente do desempenho, com isso apostando mais na fama dos atores do que necessariamente em seu potencial, o que acaba limitando ainda mais o potencial da produção.
Outro fato bastante incomodo é a maneira como a referencia (ou seja lá como se chama o que estão tentando fazer) está sendo feita, pois apesar de não podermos acusar a direção da tentativa de copiar a fotografia do famigerado filme do Miller, todo o resto não está ali por coincidência, o que acaba fazendo com que a tal referencia/homenagem mais se pareça um plágio por não contar com nada de original.
A trama é simplória e beira o clichê dos inúmeros outros filmes que apresentam a jornada do herói, algo que parece se estender a interação dos personagens;  algo seco, sem vida e sem alma. A impressão é a de que o filme tenta passar algum drama, somado a sensação de agonia e inquietude, mas o máximo que o trailer me fez sentir foi vergonha alheia.
Bem, o filme estreia em 21 de janeiro desse ano e vamos dar uma conferida, apesar de não esperar muito da produção;