Advantageous : Crítica
Dirigido por Jennifer Phang e protagonizado por Jacqueline Kim, Advantageous é um misto de drama com ficção científica competente, que desenvolve com maestria os títulos do existencialismo humano, como a essência sendo precedida pela existência, vendendo assim uma busca válida por respostas que permeiam toda a nossa natureza.
Em um futuro não muito distante, as corporações e multinacionais dominam o estilo de vida da população, em mundo onde a ciência e tecnologia imperam, é extremamente necessário que haja uma boa formação acadêmica para que se viva dignamente. É nesse mundo que vive Gwen Koh (Jacqueline Kim) com sua filha Jules. Mãe solteira e com problemas familiares, Gwen, no seu mais natural extinto materno é capaz de tudo para garantir um bom futuro para sua filha nesse mundo tão ‘utópico’. Para tal ela resolve participar de uma experiência desenvolvida por uma empresa de tratamentos de saúde, a qual promete transferir a consciência de qualquer pessoa para outro corpo, podendo com isso substituir medidas então consideradas ultrapassadas, como cirurgia plástica, por exemplo.
Com esse o plot o filme desenvolve uma discussão intrigante, afinal de contas, até que ponto somos nós mesmos? Somos o nosso corpo, a nossa mente ou um conjunto infringível de tudo isso?
O filme aborda aspectos de existencialismo humano já visto em outras películas do mesmo gênero, como Ex Machina e The Machine. No entanto Phang enclausura a trama em seus dramas pessoais, como o relacionamento de Gwen com a filha e a própria maneira como Jules aceita tal mudança da mãe.
O filme não é longo, possui por completo cerca de 90 minutos. Com uma estética completamente diferente das grandes produções, nem tanto por se tratar de uma produção fora da mainstream, mas por ser a “cara” que o filme precisa ter para ser sorvido pelos espectadores mais atentos, Advantageous nos passa um clima pesado, sombrio e de um mundo sem muitas perspectivas. Se de um lado temos a tecnologia dominando o estilo de vida do ser-humano, do outro vemos a degradação do ser perante sua própria criação, ao passo que também presenciamos uma tentativa falha e desonesta de atingir a imortalidade, o ser humano se torna uma antítese de si mesmo ao desconstruir sua figura enquanto existência diante das inúmeras possibilidades que lhes é concedida pelo "sábio universo".
Como uma trilha sonora serena, uma fotografia belíssima e boas atuações, Phang nos entrega um filme despretensioso, porém denso e competente. Ao longo do filme somos apresentados a Koh e seu estilo de vida, que por si só já é uma referência clara ao nosso cotidiano nos dias atuais. Aqui, Phang debate a subvalorizarão do profissional humano perante a magnitude das capacidades das máquinas, a cárcere econômico voluntário no qual a sociedade se introduziu e os efeitos colaterais de uma sociedade super-desenvolvida tecnologicamente, tudo isso de uma perspectiva feminina, visto a maneira distinta que tal sociedade tem de tratar homens e mulheres, o que pode mais uma vez claramente nos dizer muito sobre o que estamos vivendo em nosso cotidiano.
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