Jhon Wick(De Volta ao Jogo) - Crítica

 É inevitável não comparar De Volta ao Jogo(Jhon Wick, no original) com Keanu Reeves com O Protetor com Denzel Washington, ora pois embora sejam filmes distintos, ambos partilham de uma mesma premissa básica...O cara fodão aposentado que volta à ativa depois de muito tempo.
As semelhanças é claro param por ai, se em O Protetor Denzel consegue segurar o filme com uma excelente atuação dando uma eficiente carga dramática ao seu personagem, aqui nós temos um Keanu Reeves mórbido e sem carisma algum.
O filme nos apresenta John Wick, um ex-assassino profissional que depois de se apaixonar abandona toda sua “carreira” na máfia para se dedicar ao seu amor.
No entanto o destino (ah o destino, sempre ele) resolve que as coisas não devem ser bem assim e John acaba perdendo sua esposa em um acidente. Tendo como companheiro apenas um cão de estimação, último presente dado a ele por sua esposa, ele passa o tempo entre a solidão e a melancolia dos dias angustiantes sem sua tão amada esposa, até que tem sua casa invadida, seu carro roubado e seu cachorro morto por Iosef Tarasov(Alfie Allen), filho de Viggo Tarasov(Michael Nyqvist) um mafioso russo barra pesada, como já podemos prever é aqui que o filme começa.
De Volta ao Jogo falha, falha muito, falha muito mesmo. No entanto não é o suficiente para deixar o filme inasistível, embora incomode bastante quem espera uma película mais densa ou que caia em alguma dessas malhas de embate moral, sentimentalismo ou qualquer coisa que lhe valha o personagem principal tendo sua tão esperada redenção.
Dirigido por David Leitche Chad Stahelski e roteirizado por Derek Kolstad, o longa comete muitos erros “bobos” mas que no conjunto da obra acabam por somar uma nota negativa para seu curriculum. Um dos maiores problemas é o mau aproveitamento de seu elenco, que conta com figuras como Willem Dafoe, Ian McShane e até mesmo John Leguizamo (que nem está tão ruim em sua breve aparição) encarnando personagens muito mal aproveitados. É importante ressaltar que aqui nós não temos subplots, tramas paralelas ou nenhum nível de complexidade na história, o filme é tão linear que mesmo que eu quisesse seria um tanto quanto impossível revelar qualquer spoiler.
O roteiro é mal elaborado, chegando ao ápice de seu ‘mau acabamento’ no final, onde temos uma cena extremamente anticlímax. No mais, em todo o seu decorrer nos deparamos com absurdos deliberadamente inaceitáveis como o desleixo cometido por Marcus, personagem de Dafoe, para um assassino profissional tão esperto foi muito descuido ter deixado tão claro que as intenções dele não eram exatamente as mesmas de seu empregador.
O filme nos deixa com uma certa expectativa de que tudo entre nos eixos, mas isso nunca acontece pois a primeira cena de ação é tão morna quanto a última. Aqui nós não temos um trabalho com o personagem protagonista antes de sua “volta ao jogo”, o que esperamos ser uma cena que irá ‘abrir’ o filme acaba sendo algo extremamente simples e banal, nem um pouco diferente de tudo o que já pudemos ver anteriormente.
Porém nem tudo aqui são pontos negativos, embora tenham seus defeitos, as cenas de ação possuem certas particularidades que chamam atenção pelo nível de
cuidado. Um exemplo é que John nunca atira apenas no corpo de seus inimigos, ele sempre dispara um tiro “fácil” no corpo e logo após sua vítima estar se movendo mais lentamente ele finaliza com um tiro na cabeça, algo que foge um pouco do clichê hollywoodiano onde todo mundo com exceção do mocinho morre até com tiro no dedo mindinho do pé. Há um outro momento interessante quando John toma alguns tiros no peito e cai, logo após ele se arrasta, se esconde e continua trocando tiros com os mafiosos, eu temia que ele fosse rasgar a camisa e olhar o colete a prova de balas, mas felizmente o diretor decidiu que não somos tão burros assim e deixou tudo subentendido.
De fato De Volta ao Jogonão é um filme pretencioso, nem se vende como tal. O que temos é um filme mediano de ação com uma trama simples e um roteiro com alguns problemas, fica óbvio que não é um filme denso e com atuações deslumbrantes, mas se quiser 101 minutos de tiroteio e porradaria esse é o filme certo.