Wayward Pines - Crítica

Desenvolvida por Chad Hodgee e dirigida por M. Night Shyamalan (Isso mesmo), Wayward Pines foi ao ar pelo canal Fox em maio de 2015 e teve uma excelente recepção pela crítica.
A trama conta a história sob a perspectiva de Ethan Burke (Matt Dillon), um agente do Serviço Secreto americano que depois de um acidente de carro acorda em um cidadezinha em Idaho, chamada Wayward Pines. A Partir daí, a série começa a nos apresentar mais detalhes do enredo como a motivação de Ethan em encontrar seus parceiros desaparecidos e o desespero de sua família em descobrir que ele simplesmente havia sumido do mapa.
Todas as tentativas do agente em se comunicar com o lado de fora da cidade são completamente frustradas, o que leva não só Ethan, mas também o espectador a uma constante sensação de desconforto com a situação. Aos poucos, vamos descobrindo que não é apenas a cidade que se mostra mais estranha do que parece, seus habitantes começam a evidenciar que sabem muito mais do que querem contar, o que ajuda a aumentar o clima de terror e suspense que se perdura por quase metade da série.
Baseada numa trilogia literária do escritor americano Blake Crouch, muito do mérito pela qualidade da série televisiva se deve a direção de Shyamalan, ora, vemos inconstantes influencias ali de A Vila (do Próprio Shyamalan) assim como também de Além da Imaginaçãoe Arquivo X. Um dos maiores diferencias da série se deve ao isolamento dos personagens, onde podemos notar uma referência (talvez proposital, talvez não) aos trabalho de Stephen King, onde ele isola personagens para criar ensaios sobre temas filosóficos, políticos, religiosos,  éticos e morais. Isso acontece com Wayward Pines, de maneira bem sútil, mas não menos trabalhada.
A trama tem “barrigas” que por vezes podem incomodar, a direção de Shyamalan não peca em nos fazer pensar, mas também não deixa a desejar em nos entregar respostas, principal diferença com a série Lost onde haviam perguntas demasiadas e nenhuma resposta lógica contextualizada. Aqui não vemos elementos arbitrários na trama, tudo está lá por um proposito e cada pergunta é respondida em seu devido tempo. Algo que inclusive, poderia ter sido ainda melhor trabalhado, não fosse por toda a trama ser logo entregue de bandeja no 6º episódio, fazendo nos esperar por um plot twist do plot twist que nunca virá.
Outro ponto forte da série e o seu elenco razoável. Matt Dillon nos entrega um Ethan Burke sisudo e mal humorado, quase que inexpressivo o que de certa forma dificulta a criação de uma identificação com o personagem, pois a determinação física e mental do Sr. Burke o transforma quase que em um Batman sem uniforme. Em contra partida Terrence Howard nos mostra um excelente Sheriff Pope confuso e desesperado ao passo em que começamos a ver uma certa profundida na personagem da Carla Gungino, Kate Hewson.
Por fim, Wayward Pines não peca em nos apresentar argumentos consistentes e respostas no tempo certo, fica clara durante toda a série sua intenção em questionar certos elementos políticos, éticos e sociais usando a ficção cientifica como plano de fundo para rodar a trama. A enorme quantidade de personagens a serem trabalhados acaba dificultando sua evolução individual, algo que é tolerável uma vez que a trama é muito bem trabalhada não tendo muitos problemas para nos “vender” as ideias surreais que antes pareciam inaceitáveis.