Ataque dos Titans : Critica (Filme)

Baseado no mangá Shingeki no Kyojin de Hajime Isayama, o anime homônimo foi produzido pelo Wit Studio e foi originalmente ao ar em 2013 no Japão, depois disso conquistou legiões pelo mundo inteiro. Como já era de se esperar, não demorou muito e o anime ganhou uma versão em live action encabeçada pelo estúdio Toho, dirigida por Shinji Higuchi e estrelada por Haruma Miura.
Ataque aos Titans (Shingeki no Kyojin no Original) se passa em um futuro pós-apocalíptico, onde a humanidade é forçada a viver escondida, protegida por enormes muralhas enquanto gigantescos Titans tomam de conta do planeta. De início parece um plot simples, não fosse pela maneira belíssima com que tanto o mangá quanto o anime desenvolvem a trama trazendo complexidade, reviravoltas e um bom desenvolvimento das relações entre os personagens.
No entanto nesse quesito a direção de Higuchi falha miseravelmente, muitos dos pontos que eram a chave para o desenvolvimento não só da história, mas dos próprios personagens são completamente limados da adaptação.

Aviso de Spoiler
Umas das coisas mais impactantes no anime são as motivações do protagonista, Eren, que resolve que simplesmente vai matar todos os Titans vivos na terra, motivação essa que é muito bem justificada no anime pois Eren testemunha sua mãe ser devorada viva por um Titan, enquanto apenas observa impotente diante de uma cena tão aterradora. Dessa forma o personagem cria dentro de si um ódio colossal pelos seus inimigos, ódio esse que ele usará para eliminar tantos Titans quanto puder ao descobrir a habilidade (deixada por seu pai e que é provavelmente resultado de uma experiência cientifica) de também se transformar em um dos monstros.
No longa o que temos é um Eren emburrado pela “perda” de Mikasa (Kiko Mizuhara), que aliás, não acrescenta em nada a trama, assim como também o apagado Armin (Kanata Hongo), que deveria ser o elo entre Eren e sua humanidade, uma vez que ele começa a ser consumido pela monstruosidade que é capaz de se tornar. Aqui o relacionamento entre Eren, Armin e Mikasa é completamente jogado, o que faz com que o altruísmo de Eren para salvar seu amigo (Em algo que deveria ser um ponto alto do filme) não tenha nenhum peso emocional ou lógico. Aliás, sequer a transformação de Eren em um Titan foi algo relevante, pois em nenhum momento em cena vimos aquele personagem ser desenvolvido o suficiente para dar o foco necessário para sua transformação. Na verdade, podemos resumir Eren com um peso morto, pois ao longo de mais de uma hora de filme a única coisa que o vemos fazer é testemunhar seus companheiros morrendo sem esboçar nenhuma reação, ou seja, transformaram o protagonista em um personagem nada carismático, o que nos faz não dar a mínima pra ele, eliminando completamente o peso de suas ações e motivações.

A direção falha em vários aspectos, alguns deles são até compreensíveis, já que são muitos personagens para trabalhar em tão pouco tempo de tela, o que resulta em um punhado de personagens jogados com os quais você não consegue criar nenhuma identificação.
No entanto o filme tem seus méritos, como a o incremento de tecnologias mais lógicas como automóveis e baterias, algo que dificilmente seria completamente perdido em apenas 100 anos de isolamento, mas que o anime ignora por completo. Fica claro o esforço de Higuchi para “mastigar” a trama e o desenvolvimento dos personagens para tanto quem já conhece a obra original quanto para quem está interessado apenas no filme, uma vez que ele faz mudanças significativas no roteiro que levam aos mesmos desfechos mas com caminhos completamente diferentes.
Sendo divido em dois, o primeiro filme conclui com 1/3 da trama e elementos importantes do anime já apresentados ao público, tendo o segundo a função de fechar essas pontas soltas. Aliás, algo que nem poderá ocorrer no segundo filme, já que mesmo o anime não conclui sua história na primeira temporada, o que nos leva a crer que possivelmente poderá haver uma terceira adaptação em live action da tão esperada segunda temporada. De uma forma ou de outra, depois desse primeiro longa as expectativas não são das melhores e o jeito é esperar que algum grande estúdio americano compre os direitos para a gravação de uma versão ocidental do produto, algo que também não é garantia nenhuma de sucesso, visto que Ataque dos Titans tem um grande apelo a violência gráfica e ao terror japonês, que só eles conseguem fazer.