Lost Time : Crítica
Com roteiro e direção de Christian Sesma (The Night Crew, Awol 72 e Shoot the Hero) e fotografia de Anthony J. Rickert-Epstein, Lost Time é de fato, sem trocadilhos, uma grande perda de tempo.
Lost Time (Tempo Perdido em tradução literal) é um filme de 2014 de terror e suspense que conta a história de Valerie Dreyfuss (Rochelle Vallese) que está com um câncer terminal e só tem ao seu lado sua tão querida e dedicada irmã Melissa Dreyfuss (Jenni Blong). Ao sair de uma das visitas com seu médico, as duas passam por uma experiência de contato de 4º grau onde Melissa desaparece. Quatro meses depois acompanhamos a já recuperada do câncer, Valerie tentando a todo custo encontrar alguma pista que a leve ao paradeiro de sua irmã.
Se tem uma coisa que aprendemos com esse filme é que boas ideias não são garantia de sucesso, tanto o cinema mainstreamassim como o independente tem ótimas referencias quando se fala em tramas com premissas paranormais com toque de Scifi, como é o caso de Dark Skies, Fogo no céu e até mesmo Os Escolhidos. No entanto, se o cinema no geral já está tão saturado de películas com o mesmo tema, por que a ideia de Lost Time parecia ser tão promissora? O segredo não está no que foi feito, mas em como foi feito.
Todo o primeiro ato possui uma narrativa fluida e competente, atuações medianas mas que em nenhum momento compromete seu envolvimento com a trama, logo de início somos apresentados aos personagens de maneira até intimista, criando camadas de complexidade que poderiam enriquecer em muito o trabalho de desenvolvimento dos mesmos, sem contar que todo esse primeiro ato usa o suspense como fio condutor para nos mergulhar em um drama que poderia ter sido muito melhor explorado. Porém, se tinha alguma coisa positiva no filme, isso termina por ai mesmo. Logo vemos Valeriepassando de um forte e valente mulher para uma mera donzela em perigo que precisa ser resgatada pelo policial Karter (Luke Goss), que por sua vez encarna um personagem sem nenhum carisma e tão vazio quanto aquela sua conta bancária no final do mês. Karter não tem motivações, razões ou sequer nenhuma expressividade, o que leva nosso foco à um problema maior ainda, as falhas de roteiro vão além de inserir e remover personagens deliberadamente, elas também têm enormes problemas de lógica.
Se no começo pensávamos que tudo se tratava de um grande drama com elementos de scifi, já na metade do filme passamos a acreditar que tudo é na verdade uma película de terror com pitadas de suspense, só pra no final sermos “surpreendidos” de novo com elementos de Scifi em um filme de horror. A grande verdade é que Sesma não consegue equilibrar nenhum dos elementos no filme, tudo o que ele faz é uma tentativa muito “vergonha alheia” de homenagear (pra não dizer copiar) grandes nomes do cinema e até de séries de TV. Ora, vemos ali claramente influencias de Arquivo X, Fringe, Alien, Dark Skies e até Fogo no Céu, mas o grande problema não está em copiar essas produções, o problema está em misturar todos esses conceitos em uma trama altamente inconsistente e depreciativa, onde cenas desconexas não fazem o menor sentido, assim como os diálogos genéricos e sem nenhuma funcionalidade dentro da trama. A cena em que o “Ser evoluído” explica à Valerie a razão de sua existência foi simplesmente de dar desgosto.
Por fim, o que vemos aqui é uma grande concha de retalhos onde nada explica nada, é como se você estivesse assistindo à série Cosmos apresentada por um papagaio e escrita por um chipanzé, tudo soa muito forçado, irreal e deliberado e todos eventos são mais convenientes as limitações de orçamento que a própria narrativa.
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